segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Bons filmes para lavar a alma I

Ou bons filmes para chorar. Há alturas em que parece que tenho uma especial apetência por uma boa choradeira. Quase como escrevia o Mário de Sá Carneiro numa carta ao Fernando Pessoa É que eu, se começo a beber um copo de fel, hei-de forçosamente bebê-lo até ao fim. E se há alturas em que tudo parece correr mal, ou menos bem, muitas vezes, faz-me falta esse rebentar num pranto e há filmes perfeitos para isso: para ficarmos a deprimir-nos em casa de pacote de lenços de papel na mão, com direito a toda uma panóplia de fungadelas para acompanhar. Um que está no top do top para chorar é sem dúvida o Out of Africa. E seguem as razões para que este filme seja um soltar de lágrima fácil, mas não de crocodilo:
1) a personagem principal, Karen Blixen (Meryl Streep), passa uma vida inteira à procura do amor;
2) em vez de se casar com o gémeo que ama, acaba por ficar com outro, que afinal é uma besta;
3) nem tudo estaria perdido, aparece o Finch Hatton (Robert Redford) para salvar a coisa e parecem ter a relação perfeita, mas ele ama demasiado a sua liberdade e ela ama-o demasiado a ele;
4) sabemos quase desde o início que aqueles dois não vão ficar juntos, afinal o filme é um bom filme, não é palermice hollywoodesca em que o jovem fica a jovem e vivem felizes para sempre a plantar café em África;
5) como se não bastasse, ele morre no fim...
Pareço falar de tudo isto de uma forma muito ou demasiado simplista ou desprendida mas o facto é que este é um grande filme e esta é com certeza uma grande história de amor. O que aflige é que se eles ficassem juntos, o filme perderia toda a verosimilhança e eu acabo a pensar o quão por vezes todos temos histórias muito parecidas com esta.

You've ruined it for me, you know.
Ruined what?
Being alone.

Só por estas linhas valeria a pena ver este filme.

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